segunda-feira, 30 de maio de 2011


O dia decorria sombrio com chuva a bater na janela da empresa e duas pernas vestidas com meias negras traçavam linhas rectas à frente da minha secretária. Sentou-se, cruzou as pernas e engoliu um soluço. -Ai, ai ai senhor Toucinho. Não lhe convém nada esse tipo de comportamento. Ela olhou para mim, eu olhei para ela enquanto rabiscava nervosamente um desenho. -Posso ver o seu trabalho? -Não. -Ora senhor Toucinho, (ampliou ligeiramente o diâmetro do sorriso) então vejamos... um sol sorridente com um enorme pénis pendurado que você rasurava, encarando-me. Qual é a mais valia para a empresa desta sua criação. -É um esquema organizativo de repartição de poder. -Engraçado que à primeira vista parecia só um sol com ar de terrorista sexual, mais uma vez fui enganada pelas aparências, então... -Pois que o falo é de facto a Dra. As bolas testiculares são as duas células, duas em vez de trés, que operam aqui no quartel-general, o sol são os nossos clientes e os raios representam a capacidade de comunicação entre clientes e potenciais clientes. Os olhos e o sorriso perverso foi por gozo. Notará que coloquei também duas setas junto aquilo que você qualificou como pénis e isto quer dizer que se a Dra. se reposicionar mais perto das duas células de trabalho, o intercâmbio permitiria a colocação mais rápida das ideias no terreno. -Ai, ai ai senhor Toucinho. Não lhe convém nada esse tipo de comportamento. Bem, trago-lhe aqui esta carta. Importa-se de ma lamber? Tenho pouca saliva. -Peguei na carta, lambi e passei-lhe a mão para colar. Mas a carta não era para mim? -A carta não é para mim? - Claro, vá até ao quarto 824 do hotel Pand'ioire e abra-a lá. Por hoje está dispensado, vá agora. Bom fim de semana.

Hotel Pand'ioire 16:45

Estava deitado numa cama gigantesca, tinha uma colcha vermelha bordada num padrão quadrangular por cima do meu corpo, não havia cabeceira e nos dois cantos do fundo havia patos dourados que enquadravam um guarda-fatos em superfície também dourada que imitava corda e aprisionava dois espelhos, um em cada porta, no meio um coelho vermelho dissimulava um cadeado. Ouço alguém chegar ao outro lado da porta. Três toques delicados na madeira. Abro, uma rapariguinha sorri e abana uma chave dourada. -Olá, sou irmã da tua chefe, ela disse-me que ia mandar alguém da empresa, parece que és tu. Tenho que abrir o guarda-fatos contigo então. -Ok podes abrir, vou só constactar uma coisa potencialmente importante e já venho. -Fui abrir o envelope que tinha deixado dentro da gaveta da mesinha de cabeceira em cristal. "Mata-a antes dela abrir o guarda-fatos." -Era a minha letra, virei-me e vi que já introduzia a chave no cadeado.

Um comentário:

Brown Eyes disse...

Conseguiu abrir o guarda-fatos?
Beijinhos