quarta-feira, 18 de junho de 2008
free the bird...
Eram 9:00 da manhã.Quase que não havia ar dentro dos lençóis e o que restava estava impregnado de humidade,a sua humidade.Mas não era por isso que deixava de arfar.Ela sabia que a hora era aquela,sempre.Não havia lugar para excepções naquele lugar.A porta abriu,de tão habituada que estava,limitou-se a empurrar o ar em silêncio.Ela afastou as pernas num gesto pré-programado.
O tecido de pana,grosso,bruto,desmoronou sob a inevitabilidade gravitacional,e depois umas cuecas,gastas,sujas.
Ele colocou o seu corpo,velho,duro,sobre o dela,novo,demasiado novo e macio.
Nunca se olhavam nos olhos,a vergonha não deixava.
Ele forçou caminho de uma assentada.O falo mergulhou às cegas e com aspereza.Não havia lugar para o prazer,no lugar para onde ele ia.
As lágrimas corriam-lhe pelo rosto,sempre pelos mesmos sulcos de carne,como rios,desaguando naquele lençol sujo que se falasse,tantas histórias pútridas tinha para contar.
E,enfim,o falo libertou com pretenso desprezo tudo o que de bom e de mau havia a libertar.E saiu com pressa.
-Pai?Amo-te.
O velho saiu de cima dela,vestiu as calças e ali a deixou.O lençol manchado de sangue,a alma num limbo entre razão e emoção.
Do outro lado da parede dormia um cão preto,sereno,profundo nas trevas.Nada de estranho se havia passado.
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3 comentários:
Tu tens alma de escritor.. Sabes que escreves, e escreves bem... Provocas sentimentos com o que dizes...
O Asco que me fizeste sentir com a tua historia, foi inversamente proporcional á admiração que tive com o teu texto, com a itensidade da tua escrita...
:) Escusado dizer que adorei...
Acho o texto brilhantemente escrito... no entanto, não faz o meu género de leitura. É frio, cruel, nauseante, áspero e eróticamente decadente...
Mas tenho de facto de lhe reconhecer o mérito de me ter feito revoltar as entranhas...
Se provoca emoções ao leitor, tem de se dar o devido crédito ao escritor.
*@*
Só pra dizer que gostei muito deste texto.
Está escrito de uma forma crua, é certo, mas gosto assim...aliás, muitas vezes gostava de ter "bolas" pra escrever com essa crueza.
Beijinho
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