sábado, 14 de maio de 2011
Passos Coelho vs Paulo Portas...
Duas frases que gostava de sublinhar deste último debate, ditas por Passos Coelho:
"Mas doutor Paulo Portas, não acha que o lugar de primeiro ministro vai ser disputado entre mim e o engenheiro Sócrates?"
"Senhor doutor, peço-lhe que olhe para mim quando lhe falo, se faz favor olhe para mim."
Algo deste género, não juro palavra por palavra mas o conteúdo é este.
Primeira frase: não se faz uma pergunta ao qual já se sabe a resposta, é uma perda de tempo e para além disso é lógico que o CDS com Portas está à espreita de uma oportunidade política única para ganhar um governo, há um vazio na direita como não se via há muito, por isso e porque não deixam de ser adversários, a resposta nunca seria favorável, nunca Paulo Portas lhe iria dizer que " sim senhor doutor, de facto não vejo mais ninguém em posição para disputar o cargo de Primeiro Ministro da República." Seria uma mentira redonda e uma desistência. O perigoso é que talvez Passos Coelho não soubesse mesmo a resposta, por displicência mental ou conformismo ao ciclo governativo PSD/PS que se mantém desde o 25 de Abril. Mais, com esta pergunta prende-se a uma razão própria embaraçosa aquando semana atrás semana os argumentos falham e as vontades mudam.
Segunda frase: É a constatação da perda do respeito, não de Portas por ele, mas de ele, por ele próprio. A política é o jogo de aparências por excelência e se não se é respeitado, se não se é olhado nos olhos, pode-se sempre criar a ilusão e a enfatização da razão e a razão, não deve ser imposta como a primeira frase que referi sugere, deve ser aparente, isto significa mais em concreto que deve ter como base argumentos, ideias, valores que criem uma aura de razão.
Ser político é uma profissão, Sócrates é competentíssimo no que faz e antes de um político chegar a uma posição de governação importa analisar a competência profissional. Um homem que teve uma maioria absoluta nas mãos e se arrisca a perder para o adversário directo sem capitalizar a negligência social do PS é no mínimo incompetente.
Portas traria talvez uma política de esquerda mais justa, tem tido a postura mais responsável, inteligente, competente e coerente. Se bem que os submarinos pesam ainda na opinião pública, foi um mau negócio e não sei até que ponto necessário já que temos a maior ou das maiores áreas marítimas europeias que não é de perto nem de longe capitalizada.
Ganhe o PSD ou o CDS é obrigatória a coligação, preferia Portas à cabeça. Mas se ganhar o PS, com probabilidades evidentemente mais sérias que o CDS fica a dúvida com qual dos partidos fará coligação. Não vejo entendimento com a esquerda radical e seria preciso um golpe de rins do CDS para que o mesmo fosse possibilitado, dado que o PSD já fez questão, antes pondo a hípotese de uma coligação com o PS sem Sócrates, agora nem sem Sócrates; mais uma ingenuidade desnecessária porque é obvio que o PS não vai deixar cair um líder forte e unânime, daí mais valesse ter dito de raiz que não se coligava com o PS, ponto. Pontos para a coerência, para a frontalidade e deixaria implícito desde logo ambição, ajudaria a criar a tal aura de razão.
Posto isto, não me admira que o PS ganhe de novo, que seja um problema criar parceiros para governar e que o PR não emposse um governo minoritário. A brincadeira continuaria, com brincadeira quero dizer, crise financeira, política, económica, social... Tendo em conta toda esta aritmética, discutível e volátil, Paulo Portas parece-me a peça que poderia evitar o escangalhar da porcaria. O homem da situação.
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Um comentário:
Bem as eleições já passaram e este teu post era anterior e devia ter sido comentado na altura mas...aí temos o Portas à espera de um lugar vamos ver o que lhe cabe. Dizem que ele pede mais do que aquilo que tem direito, será que lhe cabe o cargo de 1º. ministro?:) Afinal o lugar sempre estava a ser disputado por dois mas na política parece que a chave está em baralhar o adversário e o povo.
Beijinhos
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