segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Bad taste...



Não é nenhuma referência ao mítico filme gore dirigido por Peter Jackson.Nada disso.
Quero aqui falar de dois filmes eróticos que me marcaram,não como pessoa,não como cinéfilo,não como pica da Carris,mas a verdade é que marcaram.Seus nomes perderam-se na minha memória mas isso é o que menos importa.

O primeiro filme trata de uma rapariga,francesa se não me engano,totalmente desprovida de glândulas mamárias,o que,no mínimo,é uma aposta de risco no que ao "genre" erótico diz respeito.Rapariga essa que se apaixona por um rapazinho que trabalha numa fábrica de construção de sanitas e tem a particularidade de ser gay,o que convenhamos,não abona lá muito a favor de uma relação.Basicamente é isto.Pronto.

O segundo filme erótico que a minha memória teima em não esquecer é um filme passado aqui na vizinha Espanha.
Tudo muito bonito até ao fim onde o argumentista libertou toda a sua veia criativa e rebelde.
Num armazém,ao ver a sua bela amada com outro homem,o vigoroso protagonista fica enraivecido,pega numa perna de presunto e espanca o seu rival até à morte.Até então eu desconhecia que uma perna de presunto era uma arma letal e confesso que para finalizar um filme erótico estava mais à espera de uma orgia louca,nem que fosse na secção de enlatados do supermercado.Agora um brutal espancamento com uma perna seca dum porquinho,levado até às últimas consequências,daí resultando uma dramática cena final onde a rapariga segurava em braços seu amante morto...não esperava de todo...Tem pelo menos o mérito de me ter posto a olhar incrédulo para a tv,algo que poucos filmes eróticos se podem orgulhar.

sábado, 29 de dezembro de 2007

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

o paradoxo do último voo da borboleta...



-Amo-te.Mais do que uma nebulosa ama as suas estrelas.Sim,com a mesma grandiosidade.Mais do que a terra seca de Verão ama...não,não...mais do que a terra seca de Verão deseja sofregamente as primeiras gotas da ainda tímida chuva trazida pela monção.
Tu és assim lindo.Talhado pelo cinzel do melhor artista da idade da luz...meu David.E tu?Desculpa,estou envergonhada.Não consigo apagar este brilho que irradia dos meus lábios.Se quando estou contigo os pudesse fechar...não tinha de certeza esta latente e saborosa dor nas bochechas...De ti meu príncipe,não espero nada menos que o paraíso,traze-o contigo,suportado pelas asas.E tu?
-Amo-te.Sabes que sim.
-Mor,eu estive a pensar.Acho que é o nosso momento.Sinto-me aprisionada nesta crisálida que me entorpece o sentido da realidade.Não é esta realidade que eu quero ver,sentir,cheirar,odiar com paixão.Aqui não há paixão para além da nossa.Um outro dia estive a observar.Estava um cão ligado a uma cadela.De costas um para o outro.Unidos pela força da necessidade de criar prol.Entendes o que quero dizer?Olha a tua família...Só tu tens as asas,ajuda-me a voar,vamos deixar este quintal.

Mia e o seu namorado Marco combinaram.Combinaram que dali a uma semana iam ser livres.Combinaram também que iam deixar a velha casca às 3:00 da tarde,junto ao poço abandonado e libertos voar.

Passaram muitos dias,passou um ano,passaram mil.O sol estava preguiçoso.Os seus raios tinham abrandado,com eles o tempo.

Um dia faltava.

Finalmente.

Mia estava em frente ao espelho.Penteava os seus longos cabelos de ébano.O espelho flirtava com ela sempre que ela o encarava,mas não desta vez.Seus olhos fosforesciam.Estava pronta.
Pôs uma mão de cada lado e empurrou as rodas da cadeira com vigor.Adorava aquela cadeira nesse preciso instante.Tinha um curto,mas sinuoso,caminho pela frente,nunca o tinha percorrido sozinha.Todo ele a descer até ao poço onde se elevaria.
Empreendeu por ali a baixo com a loucura que só alguém apaixonado pode entender.Faltava metade,o sorriso rasgava-se...de repente sentiu uma forte pancada do lado direito da cadeira e depois viu o céu.Uma roda tinha-se solto e Mia tinha caído de forma aparatosa.-O que importa?O que importa?-Cravou as palmas das mãos contra o chão terroso.Usava uma saia que mal lhe tapava os joelhos.Não passado muito tempo,já seu sangue se misturava intimamente com a terra.Mas que importava?-O amor é tão mais forte quão mais sofrido,como um majestoso carvalho que pouco depois de irromper do solo,se viu fustigado pelos mais ferozes ventos e agora ei-lo.Assim somos nós meu amor.
Ao dobrar um molho de silvas...o poço.Sereno,com a água a sibilar suavemente no seu coração.Mas nada do seu amado.Com certeza se vira retido por algo.-Ele já vem.Ele não tarda.-Havia-se arrastado até ali e estava exausta mas negava-se a sucumbir ao cansaço.Haviam passado três horas desde que chegara.As primeiras lágrimas mais não eram do que sal à flor da pele.Sete horas passaram e o sangue dos seus joelhos era agora uma crosta sólida.
Mia percebera...não podia ser a borboleta que sonhara e voar por aí,não daquela maneira.Também as pernas da alma se lhe atrofiaram.Passou a mão,com carinho,pela borda rugosa do poço.-Meu amor.-Respirou fundo.Inda lhe restavam algumas forças.

domingo, 23 de dezembro de 2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Conto de Natal...



Era manhã cedo,Christine levantou-se.
Tomou a direcção do espelho,apanhou o longo cabelo preto que lhe namorava a grossa camisola de lã e sufocou-o com um ténue fio de seda cor de terra.Tomou sem mais cuidados a direcção da porta.
Estava frio lá fora.Ao longe avistavam-se uns álamos que penosamente espreitavam quem viesse.
Christine tomou a vareda.
A saia comprida mesclava-se com a neve,as botas pesadas faziam estragos no manto branco e a luz fintava os ramos.
Olhando para os lados,Christine prendeu a sua atenção numas bagas vermelho fulgente que pontilhavam aqui e ali a paisagem,quebrando a imaculada monotonia.Ela revia-se naquelas bagas.
Deteve-se a meio duma ponte,toda ela ocre e toda ela confiante,de porte majestoso e viril,deixava à vontade quem lhe pisasse as pedras,alinhadas pela mesma medida.
Debruçou-se e olhou para baixo,para a rua que ali passava,respirou o fumo poluído que demorou a subir,juntou uma amálgama de flocos de neve e atirou lá para baixo;meteu as mãos aos bolsos e regressou a casa.

Era manhã cedo,Christine levantou-se.
Estava particularmente feliz...fechou os olhos e,em retrospectiva,lembrou-se que não mais se lembrava de tal estado de espírito.Uma onda arrebatara-a de dentro para fora,não lhe barrou o caminho e esta saira com estrondo,ricocheteando nas paredes e libertando-se pela janela.Preparou tudo cuidadosamente e saiu.Não fechara sequer a porta pois estava confiante.
Tomou a vareda de novo,mas desta vez apressou-se.
De súbito;parou.Uma baga vermelha prostrara-se no caminho.Tinha a altivez de uma muralha.Christine sorriu,debruçou-se,apanhou-a,comeu-a.Ao levantar-se,um laivo de luz fitou-a bem fundo na alma..Conseguiu ver todas as cores do arco íris como que se dentro dum fino raio de luz se estendesse um universo.Sentiu-se tentada.Olhou para a ponte que estava mesmo ali à distância de um segredo e dirigiu-se-lhe.
Mal sentiu o chão duro debaixo dos pés,uma ventania roubou-lhe às pernas o calor da saia;sentiu um frio furioso como nunca houvera sentido,um turbilhão de rostos agitava-se à sua volta.Não deixariam saudades.
Ao fundo,na rua,uma mancha vermelha aproximava-se.Passado algum tempo tomou a forma de pais natal que desfilavam seguidos por crianças alegres,seguidas pelos pais zelosos,seguidos pela imprensa,seguida por agentes policiais.
Christine esperava.
Já haviam passado os pais natal por debaixo da ponte.
Já haviam passado as crianças por debaixo da ponte que estremeceu com as suas gargalhadas.
Calmamente passou os braços por dentro da camisola de lã e atirou-a ao chão,desapertou o único botão da saia enquanto via todos aqueles pais passar,agora o fecho,a saia escorregou-lhe até aos pés.Enfiou os dedos,um em cada lado das cuecas e baixou-se para se ver livre do último tecido que a prendia.Ficou ali um pedaço de tempo a inspirar o calor que lhe brotava da pele.Descalçou as botas,chegou à beira da ponte e saltou.
O estalar de um crânio.
O sangue espalhava-se no passeio derretendo a fina camada de neve.Nas costas de Christine podia ler-se,em letras de oiro o seguinte:estou aqui por uma razão.O seu longo cabelo preto descrevia um círculo perfeito,não permitindo ver-lhe a cara.Agora também a multidão fechara um círculo à sua volta.

Um jornalista,presente no local,disse um dia à cerca do que tinha presenciado:-A reacção das pessoas na altura foi estranha,a princípio não conseguiram expressar qualquer horror...foi como que se ali estendido estivesse um anjo.

sábado, 15 de dezembro de 2007

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Americanos e britânicos espalhando a sua magia no Iraque...





Há possibilidade dos iraquianos não apoiarem a al-Qaeda ou outro qualquer grupo terrorista,com a maior legitimidade?

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A raposa incendiária...




Noite de insónia...pensamentos profundos e dúvidas existenciais ou algo do género.

Numa noite banhada pelo calor de um corpo cada vez mais frio e distante,agitada pelo perfume dos sonhos,que lá bem ao longe acenavam,torneados de linhas provocantes,numa noite dessas que criam ideias inspiradas no desejo do obsoleto...eis que me surge esta dúvida...(suspense)...(e mais suspense)...de que foge uma raposa envolta em chamas?

É para mim óbvio que as raposas não são adeptas do budismo pois caso o fossem sentar-se-iam aos pés do senhor que lhes atiçou o enxame de labaredas a olharem-no cara a cara com ar desafiador,isto em vez de correrem que nem umas desalmadas a fugir delas mesmas e,com este acto irresponsável,propagar incêndios e queimar os impostos que eu me esqueço de pagar.